
Aeroporto Santos Dumont será leiloado em conjunto com o Galeão em 2023 | Agência Brasil
O Aeroporto Santos Dumont, próximo ao centro do Rio de Janeiro, será leiloado juntamente com o Aeroporto Internacional do Galeão, no segundo semestre de 2023, anunciou hoje (10) o ministro da Infra-estrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. Em coletiva de imprensa, ele confirmou a saída de Santos Dumont da Rodada 7ª de Licitações de aeroportos, que acontece neste ano.
Com a decisão, o A 7ª rodada ficou com 15 aeroportos que serão vendidos em três blocos: São Paulo-Mato Grosso do Sul-Pará (lote que inclui o Aeroporto de Congonhas, na capital paulista e mais oito aeroportos); Rio de Janeiro-Minas Gerais (que ficou apenas com os aeroportos de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, Montes Claros, Uberlândia e Uberaba, em Minas Gerais) e Norte 2 (composto pelos aeroportos da capital Macapá e Belém).
” Não faz mais sentido andar com Santos Dumont em isolamento na rodada 7ª. Vamos estudar juntos os dois aeroportos. Vamos avaliar a concessão do Galeão e Santos Dumont em conjunto. Essa é uma resposta à preocupação do setor produtivo e do governo do Rio de Janeiro Vamos considerar o terminal do Rio caminhando juntos, ” o ministro declarou.
O adiamento do leilão de Santos Dumont veio após o anúncio de que a empresa Changi, de Cingapura, que controla a concessionária que administra o Galeão, vai sair do negócio. A empresa asiática apresentou hoje no final da tarde um pedido na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para deixar a concessão, depois que o órgão negou, no início do mês, ter pedido para revisar o saldo do contrato.
De acordo com Changi, as perdas com a redução do tráfego aéreo durante a pandemia chegaram a R$ 7,5 bilhões. A concessionária, que atualmente detém 51% do aeroporto, queria abater esse valor das outorres a serem pagas ao governo até 2039, quando acabaria com o contrato atual. Em valores atualizados, a empresa teria que desembolsar pouco mais de R$ 1 bilhões por ano.
O ministro anunciou que a Changi continuará a prestar os serviços no Galeão até que o novo contrato de licitação seja assinado. Os outros 49% do Galeão são comandados pela estatal Infraero.
” Nós tínhamos acompanhado essa questão do Galeão há algum tempo, e isso se deve à forma como a concessão foi feita e o lance [lance] que foi dado lá fora. A proposta oferecida na época era de R$ 19 bilhões, superando R$ 30 bilhões em recursos atualizados. Isso gera uma outorga de mais de R$ 1 bilhões por ano e a receita é insuficiente para essa outorga, ” explicou Freitas.
Grupo encerrado
Com o adiamento do leilão Santos Dumont, o grupo de trabalho do governo federal e das autoridades estaduares e municipais do Rio de Janeiro será encerrado. O grupo discutiu o modelo de licitação para o Santos Dumont. Antes da decisão, as negociações enfrentaram um impasse, porque as autoridades locais eram contrárias a uma eventual expansão do Santos Dumont, o que diminuiria ainda mais o tráfego aéreo no Galeão, que vinha lutando para recuperar a demanda anterior pela pandemia.
O contrato de concessão da Galeão está em vigor desde 2014. Na época, o consórcio formado pela empreiteira Odebrecht e pelo Changi venceu o leilão. Em 2017, a Odebrecht vendeu sua participação no consórcio a Changi, em meio às dificuldades financeiras da empreiteira após a Operação Lava Jato.
Repercussão
Logo antes da coletiva de imprensa, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, André Ceciliano, havia lamentado a demissão de Changi e defendeu a suspensão da candidatura Santos Dumont.
” Para mim, sempre lutei pelo equilíbrio da operação dos terminais do Centro e da Ilha [do Governador, onde fica o Galeão], torna-se óbvio que com aquele comunicado, a licitação de Santos Dumont tem que ser imediatamente suspensa para discutir uma nova modelagem para o Rio de Janeiro que faz das operações do Aeroporto Internacional do Galeão, não só em passageiros mas também no manejo de cargas e manutenção de aeronaves, ” sublinhou o Presidente da Alerj.