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Anielle prevê apoio a estudantes negros e quer orçamento de R$ 100 mi | Agência Brasil

Em presenças na 13º Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE), a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, declarou hoje (3) que pretende desenvolver políticas de apoio aos estudantes negros e disse que está pleiteando R$ 100 milhões para os projetos daquele primeiro ano. O orçamento da pasta ainda não está definido.imagem04-02-2023-01-02-28imagem04-02-2023-01-02-28

” Vamos lutar por isso, se nós vamos conseguir, eu não sei. Mas nós somos a maioria da população, 54% dos brasileiros são negros. E muitos jovens periféricos precisam da nossa ajuda. Esse orçamento é o sonho, mas com o que temos de trabalhar bem “, disse.

O ministro classificou as cotas raciais como a maior lei de reparação para a população negra já implementada no país. Ao mesmo tempo, ele expressou preocupação com a evasão de estudantes. “Os jovens que não têm condições acabam deixando a universidade”, lamentou.

De acordo com Anielle, a política de cotas raciais precisa ser acompanhada de medidas que visem a permanência. Ela declarou que está nos planos do Ministério da Igualdade Racial discutir uma política de bolsas para estudantes negros e outras medidas de assistência estudantil.

Bienal

Considerado o maior festival estudantil da América Latina, a Bienal do PNE conta com uma programação de atividades culturais e debates sobre arte, educação, política e ciência. Anielle participou de uma mesa que discutiu a construção da identidade brasileira.

A ministra se emociona com gritos de ordem dos alunos em memória de sua irmã Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 2018. As razões para o crime até hoje não foram elucidadas. “Não sei por que mataram minha irmã, mas eu sei que quem teve a crueldade de ordenar o assassinato de uma mina negra não imaginava o tanto barulho que nós íamos fazer”, disse ele.

Nascido no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Anielle também relembrou suas origens e relembrou que sua irmã foi quem muitas vezes o levou para o treino de voleibol. Foi para o esporte que ela ganhou sua bolsa de 16 anos para estudar nos Estados Unidos. Ele ficou no país mais de 12 anos, onde cursava Jornalismo. De volta ao Brasil, graduou-se em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Com mestrado em relações etnicorraciais, Anielle atualmente é Ph.D. em Linguística Aplicada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com uma trajetória ligada à academia, ela avalia o impacto das cotas. ” Na UERJ, eu tinha apenas um professor negro. Entre os alunos, tínhamos 5 em uma turma de 60. Hoje estamos ocupando lugares onde nossa presença historicamente foi negada “.

Democracia Racial

Estudantes negros que participavam da Bienal da UNE defenderam o debate como central para a tarifa estudantil. Aline Dourado, aluno de Letras Vernacules da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) em Vitória da Conquista (BA), considera que o Brasil ainda tem uma falsa democracia racial e que as políticas de emprego e renda devem ter como objetivo a igualdade. Para ela, as cotas são fundamentais.

” Cada vez que uma pessoa negra se forma na universidade é uma revolução em sua família. Mas tem que entrar e tem que permanecer. É muito importante ter políticas de assistência estudantil, para que as pessoas não caiam fora dos cursos. A sociedade brasileira avança quando o povo negro avança, ” ele disse. 

A estudante de ciências sociais da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Kariny Lopes, afirma que a luta da população negra é pela dignidade. ” O país é extremamente racista. E que o racismo muitas vezes priva-nos de direitos básicos como o direito de ir e vir e o direito à vida. Nós às vezes não temos o direito de estar em um espaço educativo, em um espaço de lazer, ” criticou.

*Colaborou Nanna Pôssa, uma repórter da TV Brasil.

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