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Após pico da Omicron, aumento da vacinação pode bloquear coronavirus | Agência Brasil

O pico da variante Ômicron levou a um recorde de casos de covid-19 em todo o mundo no início de 2022, e a queda da curva que a seguiu no Brasil traz o que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) considera uma janela de oportunidade para o controle da pandemia, que completa dois anos hoje (11). Com menos casos e internações, diminui a pressão sobre os sistemas de saúde e cresce as chances de bloquear a transmissão do vírus e a formação de novas variantes, aumentando a cobertura vacinal.imagem11-03-2022-10-03-49

” Num momento em que há muitas pessoas imunes à doença, se houver uma elevada cobertura vacinal completa, há a possibilidade de ambos reduzir o número de casos, internações e óbitos, como o bloqueio da circulação do vírus, ” destacou o boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz, no início de fevereiro, ao prever a queda dos casos confirmados nas últimas semanas.

A previsão de uma situação mais confortável, no entanto, ainda não significa o fim da pandemia, reforça o pesquisador Raphael Guimarães, que integra o observatório. “Nós entendemos que o Brasil deve entrar em uma fase mais otimista”, afirma ele. “Temos uma redução de novos casos, gradativamente uma descompressão do sistema de saúde, uma menor ocupação dos leitos, e também teremos uma redução nas mortes.”

Para aproveitar esse momento promissor, ele destaca que o país precisa avançar na vacinação e reduzir a desigualdade nas coberturas vacinais, que se dá tanto entre os Estados, quanto entre os municípios e até mesmo entre as populações dentro de cada cidade. 

” O que precisamos pensar é que toda política pública deve ter, em princípio, minimizar as iniquidades que acontecem em cada escala geográfica. É preciso uma política coordenada do governo federal para reduzir as iniquidades entre os Estados. Os Estados precisam ter essa leitura para reduzir a desigualdade entre os municípios, e os municípios, para reduzir entre os bairros. E tudo isso tem que acontecer de forma coordenada. “

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, ainda é difícil dizer se a queda no número de casos, proporcionados pela imunidade das vacinas adicionadas aos anticorpos adquiridos pelas pessoas infectadas pela Omicron recentemente, será suficiente para indicar o fim da pandemia. Ele ressalta que a expectativa de um cenário mais positivo depende de não surgir uma nova variante de preocupação capaz de causar uma nova onda de contágio.

A vacinação das crianças contra covid-19 de crianças de 10 anos ou mais no Rio de Janeiro- Tânia Rêgo / Agência Brasil

” Será muito mais uma questão retrospectiva. Não dá para dizer quando vai ser o fim da pandemia, vai dar para olhar para trás e dizer quando foi o fim da pandemia, ” ele avalia. ” A expectativa é de que, se nenhuma nova variante de preocupação aparecer, teremos um período mais calmo, com menos casos e mortes. Mas a questão é que em novembro do ano passado estávamos em um momento como este com o fim da Delta, e ele apareceu para Ômicron. Então, é difícil fazer qualquer previsão. “

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro publicou em seu perfil no Twitter que o Ministério da Saúde estuda rebaixar a situação do covid-19 no Brasil para endêmicos, o que significa que a doença se tornaria parte do cotidiano, como outras doenças já acompanhadas por sistemas de saúde. Em nota divulgada no mesmo dia, o Ministério da Saúde confirmou que já está adotando as medidas necessárias para requalificar o status de covid-19 no Brasil que atualmente é identificado como pandemia.

Chebabo frisa que a situação de pandemia é internacional, afeta todos os continentes e, por isso, foi declarada pela Organização Mundial da Saúde. “Quem vai definir o fim da pandemia não é nenhum país, é a própria OMS, que declarou a pandemia”, diz. “Um país pode decretar o fim do estado de emergência, tirar as medidas restritivas, suspender o uso de máscara, mas quem declara o fim da pandemia é a OMS a partir de dados que monitora no mundo inteiro”, conclui.

Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Saúde declarou que “avalia a extensão da questão endêmica, em conjunto com outros ministérios e corpos relevantes, levando em conta o cenário epidemiológico e o comportamento do vírus no país”.

Com 72% dos britânicos com duas doses, a Inglaterra dividiu opiniões ao anunciar no mês passado um plano para conviver com covid-19. O uso de máscaras havia sido abolido em janeiro, e a atual iniciativa inclui a eliminação de medidas restritivas como a obrigatoriedade do isolamento para as pessoas que testaem positivo, além de agendar para o final deste mês o encerramento da distribuição gratuita para o diagnóstico da doença. Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, que também compõem o Reino Unido, adotaram planos distintos que também reduzem as restrições.

Mesmo como números globais apontam queda de casos e mortes, nem todos os países caminam no mesmo ritmo. Citada em múltiplos momentos da pandemia como exemplo para sua capacidade de rastreio de casos, a Coreia do Sul registrou na semana passada o maior número semanal de óbitos por covid-19 desde o início da emergência sanitária, superando mil mortes em sete dias pela primeira vez, informou a OMS. A partir de janeiro de 2021, o país não havia registrado mais de 10 casos de covid-19 em um único dia uma única vez, e em março, aquele planalto diário já chegou a 300. A situação no país asiático se agravou mesmo com 86% dos 50 milhões de coreanos vacinados com duas doses ou dose única.

A Organização Mundial da Saúde também monitora o surgimento de uma nova variante, que combina estruturas genéticas da Delta e da Omicron, e assim foi chamada de Deltacron. Para o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom, a pandemia está longe de acabar. “Ela não vai acabar em qualquer lugar até que ela acabe em todos os lugares”, advertiu em um comunicado nesta semana.

Para aproveitar esse momento promissor, pesquisador destaca que o país precisa avançar na vacinação- Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Endemia requer estabilização

Os pesquisadores apontam que a transição da pandemia para a endemia depende de que o número de casos e mortes se estabilize em um nível baixo e entre em uma trajetória previsível, mesmo que haja períodos recorrentes de maior circulação, como no caso da Influenza. A partir dessa estabilização, os funcionários públicos de saúde passam a agendar a demanda por atendimento.

Com a mudança para a situação endêmica, as medidas preventivas como a desgaste de máscara deixam de ser recomendada para todos, explica Alberto Chebabo, enquanto a vacinação de reforço deve continuar sendo uma forma importante de prevenção.

“A maioria das medidas vai ser abandonada de alguma forma, pois não se pode sustentar, mas é claro que alguns hábitos devem continuar, como o uso de máscara por quem está com alguma doença respiratória, que já deveria acontecer anteriormente,” ele cita ele, que acrescenta que as pessoas com imunidade mais vulnerável também podem manter o uso de máscara em locais com aglomeração. “Mas, na população em geral, nenhuma dessas medidas permanecerá, a não ser a vacinação”.

A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Flávia Bravo, frisa que o cenário de estabilização dos dados epidemiológicos também será importante para definir como a vacinação será feita com doses de reforço contra o covid-19, e se de fato será necessário para todos. 

” São vários os pontos que a gente tem que discutir, não é só se vai precisar ou não. Pode ser que precise apenas de uns poucos. É possível chegar à conclusão de que os pacientes imunodeprimidos, que responderão pior e com uma duração mais curta, precisarão de doses de reforço para elevar o nível dos anticorpos. Pode ser que chegamos à conclusão de que até mesmo pessoas saudáveis precisarão. Vai depender também da circulação viral, ” ele afirma. ” O duro a proteção, não emergindo qualquer variante, é fácil de observar. Continuaremos fazendo a vigilância dos casos. Isso é o que a ciência faz, e não é só para o covid, é para todas as doenças, ” ele destaca.

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