
Centro de Referência em Saúde Indígena será montado na terra Yanomami | Agência Brasil
O governo federal pretende inaugurar, até o final de abril, um Centro de Referência em Saúde Indígena no território Yanomami, em Roraima, com capacidade para tratar casos mais severos de desnutrição e malária. Atualmente, esses pacientes são removidos de avião para a capital Boa Vista. A unidade está sendo instalada na base da base de Surucucu, no extremo oeste da reserva, perto da fronteira com a Venezuela.
O site é um dos principais pontos de acesso ao território, mas de onde ele só chega de ar. A pista e a decolagem é o único asfalto na região e tem capacidade para receber aeronaves maiores, como aviões de carga. É por lá que eles são levados indígenas a vilarejos mais isolados, que então, dependendo da gravidade, são transferidos para a capital do estado.
” A expectativa é que a unidade possa se tornar um serviço permanente, mesmo após o fim da Emergência em Saúde Pública da Importância Nacional [Espin]. A previsão é de que o centro seja concluído até o final de abril, ” o Ministério da Saúde disse, em nota.
Desde a eclosão da crise humanitária Yanomami, os entrevistados de emergência foram reforçados por meio de profissionais da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) em diferentes polos da Terra Indígena, em apoio às equipes locais do Distrito Sanitário Especial de Yanomami (DSEI-Y). De acordo com a pasta, de meados de janeiro até agora foram enviados cerca de 100 profissionais de saúde e realizaram mais de 8,4 atendivos médicos aos indígenas encontrados situação de desatendimento, tanto no território como em unidades de Boa Vista.
A expectativa para um serviço de maior complexidade dentro da Terra Indígena Yanomami é muito grande entre os principais beneficiados com a medida. ” Não sabemos quando, naquele dia entregará esse hospital de campanha para fazer atendimentos aos indígenas que ficam na região de Surucucu, precisamos urgente deste hospital, pois ainda há grande número de remoção para Boa Vista. Por isso, precisamos de apoio e de terminar mais rápido [possível] o hospital de campanha dentro da Terra Indígena Yanomami “, cobrou do líder indígena Junior Hekurari Yanomami, em entrevista à TV Brasil.
Somente em janeiro, de acordo com o Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COE), foram 223 remoções, sendo 111 deslocamentos dentro do território-entre vilas mais distantes e os polos de base-e 112 para Boa Vista. Em diversos casos, por conta das restrições para os voos noturnos e com o tempo nublado, os indígenas em situação mais grave não resistiram. Outro percalço de base que pode receber uma unidade de serviço com maior capacidade médica é o de Auaris, na norma-a maior parte do território. No entanto, não há previsão para a montagem deste centro.
O Presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana-Condisi-YY, Junior Hekurari Yanomami, pede uma construção rápida do Centro de Referência em Saúde Indígena- Rovena Rosa / Agência Brasil
Presença de garimpeiros
Os indígenas também seguem denunciando a entrada de garimpeiros na área de Yanomami. Segundo lideres locais, o acesso foi feito por meio de helicópteros, de aviões, principalmente no Homoxi, Xited, Parima e alguns outros vilarejos onde nenhuma operação da Polícia Federal (PF) e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estaria ocorreria.
“Nossa preocupação é muito grande, né, porque esses garimpeiros estão colocando, prejudicando os rios e comunidades”, declarou o Junior Hekurari Yanomami.
Na última terça-feira (14), A PF divulgou o resultado do primeiro mês de operação contra os garimpeiros ilegais na Terra Indígena Yanomami. No período, foram apreendidas ou inutilizadas 84 balsas ou embarcações, duas aeronaves, 172 geradores de energia, 11,4 litros de combustível, além de máquinas para extração de minério, motosserras, mercúrio e uma tonelada de manguezais a partir dos garimpeiros ilegais. Também foram destruídos 200 acampamentos, com armas e munições, e apreenderam 27 toneladas de minério cassiterita.
Os dados contabilizados reúnem informações das ações conjuntas do Ibama, da PF, da Força Nacional de Segurança Pública, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
*Com informações de Ana Graziela Aguiar, repórter da TV Brasil.