Coluna-Iniciou a maratona, os jogadores e os fãs | Agência Brasil
O mês de abril marca o início de uma temporada de desgeminação para o futebol brasileiro. Nele eles já iniciaram o Brasileirão e a fase de grupos da Copa Libertadores. E vem, ainda, a continuidade da Copa do Brasil, com a terceira fase. E por que eu alerto para essas três competições em particular? Porque neles estão oito equipes envolvidas: Atlético-MG, Palmeiras, Flamengo, Corinthians, Athletic-PR, Bragantino, Fortaleza e o América-MG. E nesse grupo, sem sombra de dúvidas, estão os favoritos a pelo menos brigar pelos títulos nos três torneios.
Se eles vão confirmar isso no campo, nós não temos como garantir. Até porque, há situações diferentes dos anos anteriores, e não só pela Copa do Catar, mas porque o Mundo, naquele ano, será em novembro, e lá não tem como seguir com essas disputas durante a competição, como já ocorreu em anos anteriores. Agora, a temporada vai terminar mais cedo, e isso deixa o calendário bem mais apertado.
Vamos para os números: a Copa do Brasil termina no dia 19 de outubro e quem vier à decisão do título disputará 10 jogos a partir de 19 de abril, quando teremos as partidas de terceira fase; a Copa Libertadores vai até 29 de outubro e o finalista tem para os 12 jogos da frente (o primeiro round foi disputado e o segundo começa hoje, dia 12); e o Brasileirão vai até 13 de novembro, faltando, para todos, 37 rodadas. Se imaginarmos que os favoritos chegarão na briga pelos três títulos, serão 59 partidas. E até a última rodada da Série A, a partir de hoje (12), são 215 dias. Ou, um jogo a cada 3,6 dias.
E lá eu pergunto: quando teremos treinamento? Agora em abril e maio, por exemplo, teremos uma sequência de 16 jogos, às quartas-feiras e aos domingos, para facilitar a compreensão. Sem semana de folga. E o apoiador nem sequer quer saber de sua equipe desistir de alguma competição. No último domingo (10), o programa No Mundo da Bola, na TV Brasil, fez essa pesquisa. E 74% responderam que eles querem ver suas equipes brigando por todos os títulos, sem priorizar nenhum deles. Como atender a essa demanda?
A questão está no fato de que, em 2019, o Flamengo de Jorge Jesus conquistou o Brasileirão e a Copa Libertadores, feito que, desde os Santos de Pelé, em 1963, ninguém havia conseguido se repetir. Mas o que sempre é bom ressaltar é que a escalação com Diego Alves; Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Mari e Filipe Luís; Arão, Gérson, Éverton Ribeiro e Arrascaeta; Gabigol e Bruno Henrique só entrou em campo como titular oito vezes. Tem mais: o mesmo Flamengo, tricampeão mundial interclubes em 1981, com Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico só usaram essa equipe como titular em três jogos!! Isso mesmo. O quarto já estava atrás da conquista no Japão.
Então, fã amigo. Tenha paciência e sabedoria para não exigir dos seus times mais do que eles podem dar. Aliás, quem quiser acompanhar as suas equipes já terá que se desdobrar, também, nas múltiplas plataformas de transmissão: TV aberta, TV fechada, pay-per-view e streaming. Os dedos se cansarão no controle remoto. E se você correr o risco de se cansar, de tanto assistir futebol, imagine o seu ídolo, mudando a chave, a cada três dias, para jogar por uma competição diferente.