Os americanos e o mercado de ações têm um “caso de amor” (que rendeu US$ 45,6 trilhões em quatro anos)
Relatório de um braço do banco J.P. Morgan, o J.P. Morgan Chase Institute, aponta que os americanos nunca ganharam tanto dinheiro. Essa aumento da riqueza é fruto do investimento agressivo no mercado de ações desde o início da pandemia, em março de 2020.
De acordo com o relatório divulgado na terça-feira, 1º de outubro, a riqueza financeira das famílias americanas aumentou, nos últimos quatro anos, em 38%, para US$ 120 trilhões. Os ganhos obtidos com o rendimento em ações no período, US$ 45,6 trilhões, representam uma quantia que supera os US$ 35 trilhões que os americanos têm em patrimônio imobiliário.
Os estudos foram feitos em um conjunto de dados do Chase Wealth Management cobrindo os portfólios de 500 mil investidores em contas autogeridas.
O grupo de investidores que abriu suas contas entre março de 2020 e junho de 2021 apresentou um apetite de risco particularmente elevado — uma aposta que valeu a pena, pois o mercado de ações subiu acentuadamente depois disso.
Cerca de 58% das famílias americanas mantêm ações na bolsa de valores, de acordo com levantamento de 2022 do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA. Este percentual inclui famílias que possuem ações diretamente e aquelas que as possuem indiretamente, por meio de fundos, contas de aposentadoria ou outras contas administradas.
O resultado surpreendente do levantamento do J.P. Morgan Chase Institute se deve à estratégia da maioria dos investidores, que não entrou em pânico quando confrontada com a volatilidade do mercado, como aconteceu em março de 2020. Ao contrário, eles compraram na baixa e continuaram colocando dinheiro enquanto as ações subiam.
“Os investidores adicionaram mais risco de mercado durante a pandemia”, diz um trecho do relatório do J.P. Morgan Chase Institute. “Isso implica em maior volatilidade nos ativos investidos no curto prazo, ao mesmo tempo em que pode levar a uma maior riqueza no longo prazo.”
De acordo com o estudo, contribuiu para esse salto a iniciativa dos investidores de aumentar o risco comprando ações de tecnologia voláteis e mantendo-as enquanto subiam em valor e representavam uma parcela cada vez maior de seus portfólios.
“Períodos de alta volatilidade são exatamente os momentos em que os consumidores estão mais propensos a colocar dinheiro em contas de investimento”, diz Chris Wheat, presidente do JPMC Institute, ao comentar o relatório.
O setor de tecnologia vem puxando o desempenho positivo dos índices acionários dos EUA em 2024. O S&P 500 já alcançou recorde e subiu mais de 18% no ano. O subíndice de tecnologia avançou mais de 28%, mesmo levando um tombo no início de agosto.
O estudo do J.P. Morgan Chase Institute corrobora outros levantamentos mais amplos sobre o retorno do mercado de ações. Quem investiu US$ 100 no S&P 500 há cinco anos, por exemplo, terá retorno estimado de US$ 230,77 no fim de 2024, presumindo que reinvestiu todos os dividendos.
Ou seja, o retorno do investimento é de 130,77%, ou 16,69% ao ano. Descontada a inflação, esse investimento global trouxe retorno de 87,42% cumulativamente, ou 12,30% ao ano.