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Estudo da FGV mostra que a desigualdade de renda é maior do que o estimado | Agência Brasil

A desigualdade de renda no Brasil é ainda maior do que a imaginada. A constatação é da pesquisa da FGV Social, que uniu a base de dados do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) à da Pnad Continuous, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa mostrou que o índice de Gini chegou a 0,7068 em 2020. O valor é maior do que os 0,6013 calculados apenas no Pnad Continuo. A cada 0,03 ponto corresponde a uma grande mudança de desigualdade.imagem14-02-2023-21-02-23imagem14-02-2023-21-02-23

” A desigualdade, quando combinamos dados de imposto de renda com os levantamentos de casa, ele se apresenta bem mais alto, e a mudança dela na pandemia não foi de cair como se acreditava, mas de um pequeno aumento, ” explicou o diretor social da FGV, Marcelo Neri, em entrevista à Agência Brasil.

De acordo com o professor, a renda dos mais ricos revelados no imposto de renda é maior do que é capada pela Pnad. ” Se a pessoa declara imposto de renda, declara o que ela tem, se não paga a toa tributária, então há desigualdade para captar mais renda dos mais abastados. E durante a pandemia, o grupo do meio, a classe média, não tinha o auxílio e também não tinha renda da capital para estabilizar o choque adverso, ” disse, acrescentando que essa parcela, classe média, ainda teve mais efeitos com perdas de empregos.

Conforme o cálculo de Gini, quanto mais próximo de 1 é o indicador, maior é a desigualdade. A pandemia também é responsável por influenciar a desigualdade. Diferente do que se pensava, mesmo com o Auxílio Emergeno, a desigualdade brasileira não receia durante a pandemia. Com a metodologia usual do Gini o planalto teria passado de 0,6117 para 0,6013. No entanto, com a combinação das bases, o indicador vai de 0,7066 0,7068.

Neri apontou que as perdas dos mais ricos (os 1%) foi de 1,5%, nível inferior à metade da classe média, que ficou em 4,2%, e se tornou, segundo o professor, o grande perdedor da pandemia.

” Embora a renda dos mais pobres tenha sido protegida pelo Auxílio Emergência, a renda da classe média teve uma queda quase três vezes maior do que a do topo da distribuição. Foi [cair de] 4,2% para a classe média e menos 1,2% para o topo da distribuição. A fotografia da desigualdade e o filme da pandemia são piores do que se imaginava. Esse é um panorama mais macro da pesquisa “, explicado.

Unidades da Federação

As rendas mais altas do imposto de renda per capita no Brasil foram anotadas em Brasília (R$ 3.148), São Paulo (R$ 2.063) e Rio de Janeiro (R$ 1.754). Nas capitais, Florianópolis ficou à frente (R$ 4.215), seguido por Porto Alegre (R$ 3.775) e Vitória (R$ 3.736). Também foram destaque os municípios de Nova Lima, na Grande Belo Horizonte (R$ 8.897); São Caetano, na Grande São Paulo (R$ 4.698) e Niterói, na Região Metropolitana do Rio Janeuiro (R$ 4.192).

A menor declaração de patrimônio per capita foi registrada no Maranhão (R$ 6,3). Ao contrário, a maior é a do Distrito Federal (R$ 95), onde há muita concentração de riqueza, liderada pelo Lago Sul (R$ 1,4 milésimos). A renda apresentada no IRPF por habitante no Lago Sul é de R$ 23.241. O valor, segundo a pesquisa, é três vezes o alcançado em Nova Lima, o município mais rico do Brasil.

O estudo mapeia fluxos de renda e estoques de ativos dos brasileiros mais ricos do último IRPF disponível. Para o professor Neri, a avaliação é útil para a formulação de reformas nas políticas de imposto de renda e sobre o patrimônio. “Nós jogamos informações que são úteis para saque reforma tributária de renda, tributação sobre patrimônio, sobre herança”, disse ele.

Futuro

Neri avaliou que a perspectiva de melhora na desigualdade é o pagamento de um novo Bolsa Família, que é importante para os mais pobres, com um orçamento maior este ano, mas para os anos seguintes ainda não está definido.

Ainda na redução dos impactos da desigualdade, o professor citou o retorno do Minha Casa, Minha Vida, readding da população da faixa 1, que tem rendimentos mais baixos. “Tem essa agenda social na base que é importante e determinante da desigualdade”, disse.

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