Itaú registra lucro abaixo do esperado devido a "efeito Americanas"
O Itaú Unibanco, considerado o maior banco da América Latina, registrou lucro abaixo do esperado pelo mercado para o quarto trimestre de 2022.
Um dos fatores para o desempenho ocorreu devido à provisão extra contra calotes do Grupo Americanas, que entrou no mês passado com pedido de recuperação judicial e um rombo bilionário.
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- O mercado esperava lucro R$ 8,2 bilhões;
- O Itaú divulgou o lucro de R$ 7,6 bilhões
O Itaú informou hoje um lucro de R$ 7,6 bilhões entre outubro e dezembro. A alta é de 7,1% se comparado ao mesmo período do ano anterior, mas fica abaixo da estimativa média feita por analistas consultados pela Refinitiv, que era de R$ 8,2 bilhões.
Um dos fatores que pesaram na última linha do resultado foi o aumento das provisões para perdas esperadas com inadimplência, que fizeram o chamado custo do crédito dar um salto de 58,1% ano a ano, para R$ 9,8 bilhões.
O que é provisão?
Trata-se de um recurso contábil que serve para que o negócio tenha caixa e assegure despesas que podem ser previstas ou imprevistas. No caso do Itaú, as despesas imprevistas podem ser um eventual calote da Americanas.
No relatório, embora não tenha citado a Americanas nominalmente, o banco mencionou “impactos provenientes de evento subsequente à data do fechamento relacionado a um caso específico de empresa de grande porte que entrou em recuperação judicial”.
A empresa entrou em recuperação judicial com dívida de R$ 43 bilhões, após admitir R$ 20 bilhões em “inconsistências contábeis”. Credores acionaram a Justiça para tentar responsabilizar inclusive os acionistas bilionários da empresa.
A Comissão de Valores Mobiliários criou uma força-tarefa para o caso Americanas, com oito processos em andamento. As investigações ocorrem em cooperação com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. A autarquia mantém um canal para receber denúncias em seu site.
Os processos apuram, entre outros pontos:
- eventuais irregularidades em informações contábeis;
- possíveis irregularidades na divulgação de notícias, fatos relevantes e comunicados da empresa;
- se houve o crime de insider trading, que é quando há a negociação de ações da companhia por quem tem informações privilegiadas.
Minoritários e credores
- Entidades que representam acionistas minoritários buscaram a Justiça e a B3 (Bolsa) para pedir indenizações da empresa e dos acionistas de referência, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, donos da gestora 3G Capital.
- Grandes bancos querem obrigar o trio de acionistas a ressarci-los com seu patrimônio pessoal. Para isso, buscam meios para provar que houve fraude na varejista.
- O Bradesco foi à Justiça para pedir o armazenamento de e-mails de diretores, membros do conselho de administração e funcionários da área de contabilidade da empresa. A Justiça aceitou o pedido.