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BC projeta déficit de 30 bilhões para contas externas em 2021 | Agência Brasil

A projeção do Banco Central (BC) para o saldo de contas externas este ano passou de um déficit de 21 bilhões para um déficit de 30 bilhões. O resultado corresponde a 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) e reflete principalmente a expectativa de saldo inferior da balança comercial, com o aumento das importações, de 239 bilhões para 249 bilhões em 2021.imagem16-12-2021-16-12-12

A previsão das transações correntes, que são as compras e vendas de bens e serviços e transferências de renda do Brasil com outros países, está no Relatório de Inflação, publicação trimestral do BC, divulgada hoje (16). No arquivamento, o órgão reduziu a estimativa de crescimento da economia de 4,7% para 4,4% em relação ao relatório anterior, de setembro.

De acordo com o BC, o aumento do valor projetado para as importações está associado a surpresas no crescimento de preços de produtos importados. ” A dificuldade das cadeias de suprimento globais no atendimento à demanda apresentou maior duração do que o esperado anteriormente, com impacto nos preços. As surpresas altistas no valor importado estão razoavelmente disseminadas nos bens intermediários, com destaque para os fertilizantes, cujos preços exibiram altos acentuados nos últimos meses. A importação de combustíveis também segue em um ritmo forte, em ambiente de crise hídria doméstica e altos preços internacionais, ” o relatório diz.

Nas exportações, manteve-se a previsão de valor recorde, de 282 bilhões para 284 bilhões. A revisão reflete o nível ainda elevado dos preços das commodities no ano, apesar da retração no preço de alguns produtos nos últimos meses, em especial do minério de ferro. ” Houve novamente ligeira melhora no cenário para as vendas internacionais de manufaturados, que devem terminar o ano em um nível similar ao de 2019, com destaque para os óleos combustíveis. As exportações de semimanufaturados também apontam para o alto valor em 2021, com destaque para os preços dos produtos de ferro e aço, ” explicou o BC.

Na conta de serviço, houve manutenção da projeção de déficit de 17 bilhões, abaixo dos níveis pré-pandêmicos, resultado de retorno lento nas viagens internacionais. O BC destaca ainda mais os menores gastos com aluguel de equipamentos no setor de petróleo, consequência da nacionalização das plataformas de petróleo sob o quadro Repetro, que é o regime que suspende a cobrança de exportação federal e importação de bens para pesquisa e lavagem de jazidas de petróleo e gás natural, principalmente plataformas de exploração.

“Na receita primária, a melhoria da rentabilidade das empresas refletiu no lucro líquido e nas despesas com dividendos, também impactados pela incorporação de informações mais recentes na revisão ordinária anual das estatísticas do setor externo”, diz o BC. Com isso, houve ligeiro aumento do déficit esperado, de 49 bilhões para 51 bilhões de dólares.

Investimento estrangeiro

No caso de um país registrar saldo negativo em transações correntes, ele precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o Investimento Direto no País (IDP), porque os recursos são aplicados no setor produtivo.

A projeção para os ingressos líquidos do IDP foi reduzida de 55 bilhões para 52 bilhões (3,2% do PIB) em 2021. Em 2020, 34,2 bilhões (2,38% do PIB) de investimentos externos foram registrados no Brasil.

“Apesar da recuperação da participação de capital estar em linha com os previstos, as amortizações das operações interempresas [por exemplo, quando a matriz no exterior investe no ramo no Brasil] foram maiores do que o esperado anteriormente”, explicou o BC.

Para os investimentos de portfólio, manteve-se a projeção para o ano, de 21 bilhões, que deve registrar entradas líquidas pela primeira vez desde 2015.

” O aumento do diferencial de juros do Brasil com o respeito às economias avançadas aumenta a atratividade dos instrumentos de dívida local, atraindo os fluxos estrangeiros para as obrigações emitidas no país. Por outro lado, o investimento estrangeiro em ações de empresas brasileiras tem diminuído nos últimos meses, possivelmente impactado pelas incertezas fiscais [controle das contas públicas] e pela queda recente dos preços das commodities, ” o relatório diz.

Forecção para 2022

O déficit esperado para transações correntes em 2022 aumentou em relação ao relatório anterior, de 14 bilhões para 21 bilhões (1,3% do PIB), também pela expectativa de menor saldo comercial. ” A piora da cifra no valor esperado para as exportações [de 289 bilhões para 276 bilhões] reflete a deterioração recente dos preços do minério de ferro e do petróleo. A perspectiva de volume embarcada desses dois produtos também foi reduzida, em linha com as expectativas mais baixas de produção doméstica, ” o BC explicou.

Para as importações, o recuo da projeção, de 229 bilhões para 225 bilhões, reflete principalmente a atividade doméstica mais fraca do que o esperado anteriormente. Ainda no escopo das importações, a perspectiva é que, ao contrário de 2021, não haverá valores expressivos de operações sob o Repetro em 2022.

Na conta de serviço, houve manutenção da projeção presente no relatório anterior, de 26 bilhões. ” O aumento do déficit esperado a partir de 2021 reflete a retirada gradual das restrições às viagens internacionais, com impacto nas contas de viagens e transporte de passageiros. No entanto, devido aos riscos associados ao covid-19, essas contas ainda devem apresentar, na média do ano, baixa abaixo da pré-pandemia “.

Na conta de rendimentos primários, espera-se que resulte similar ao de 2021, em torno de 50 bilhões. As despesas com juros devem ser ligeiramente mais altas do que o esperado, resultado do aumento do custo de financiamento e de condições financeiras mais restritivas no Brasil. “A projeção de despesas líquidas com lucros foi marginalmente revisada para baixo, dado o cenário menos favorável para as commodities e a atividade doméstica”, acrescentou o BC.

Entre os principais passivos da conta financeira, permaneceu a projeção de ligeiro aumento de IDP acima de 2021. Nesse cenário, o IDP medido como porcentagem do PIB está situado perto de sua média histórica: 3,2% em 2021 e 3,3% em 2022.

” A evolução da tarifa de privatizações e concessões pode contribuir para os fluxos de participação na capital, que devem ganhar importância no total do IDP. Para os investimentos de portfólio houve redução na projeção de entradas líquidas, em linha com o elevado nível atual de incerteza econômica doméstica. Por outro lado, é provável que o diferencial de juros continue sendo o principal fator de atração de capital para os títulos no país, ainda que mitigado à medida que decorre do processo de normalização monetária em economias avançadas, ” o relatório diz.

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