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Um terço dos presos denunciam violência na hora do presídio, diz Defensoria | Agência Brasil

Cerca de um terço dos presos relata que houve algum tipo de violência no momento da prisão, praticada por servidores públicos, incluindo policiais militares, policiais civis e agentes penitenciados. Os dados fazem parte do relatório produzido pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, divulgado nesta quinta-feira (9), referente ao período de agosto a dezembro de 2020. Os depoimentos foram tomados durante as audiências de custódia, quando detentos são ouvidos por um juiz e um defensor.imagem09-12-2021-10-12-42imagem09-12-2021-10-12-42

” A partir de agosto de 2020-quando as audiências de custódia retornaram a ser realizada, após suspensão pela pandemia-dezembro do mesmo ano, 475 pessoas presas em flagrante relataram ter sofrido agressões, em sua maioria físicas, na maioria das vezes provocadas por policiais militares e no lugar do fato. O número representa 31% dos 1.920 homens e mulheres entrevistados pela Defensoria Pública do Rio no período, ” o relatório diz.

De acordo com o defensor, os dados contrastam com a ausência quase absoluta de denúncias de maus-tratos entre março e agosto do mesmo ano, meses em que a apresentação dos presos em flagrante foi suspensa, por causa da pandemia. De acordo com dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), nesse período, o índice de maus-tratos registrado foi de cerca de 1%, já que se baseavam apenas em informações escritas nos autos das prisões em flagrante.

” Com a retomada das audiências de custódia, percebe-se que o volume de denúncias de maus-tratos e tortura realizadas no mesmo planalto que já tínhamos identificado em pesquisas anteriores, de cerca de 30% ou pouco mais. Assim, é possível concluir que, durante o período em que as audiências foram suspensas, houve nítida subnotificação. Isso mostra a importância das audiências de custódia, presenciais, para apurar a ocorrência de tortura. Sem eles, não é possível saber se houve ou não tortura, ” declarou a coordenadora do Núcleo De Audiências De Custódia (Nudac) da Defensoria Pública do Rio, Mariana Castro.

Das 1.920 pessoas presas ouvidas em audiências de custódia, 475 afirmaram ter sofrido algum tipo de agressão. Desses, 282 foram relatos de violência física; 45, físico e psicológico, e 27, psicológico. Quanto aos assaltantes, os detentos disseram que 225 deles eram policiais militares, 26 eram agentes penitenciários e 19, policiais civis, entre outros.

Quanto ao local onde houve as agressões, 259 declararam ter ocorrido no local dos fatos; 26 em uma delegacia; cinco casos, no local da prisão; 17 casos, dentro de uma viatura da Delegacia de Polícia Militar; e 15 casos, em uma viatura da Polícia Civil, entre outros locais.

O relatório completo pode ser acessado no Página Defensora Pública na internet

Respostas

O Tribunal de Justiça (TJ), a Delegacia de Polícia Civil, a Delegacia de Polícia Militar, e a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) foram procurados para se pronunciar sobre o relatório. 

O TJ respondeu que não tem conhecimento desses números, não recebeu e não foi comunicado oficialmente sobre o relatório citado, a forma como foi elaborado ou em que período se baseou. O tribunal destacou que um dos objetivos primários das audiências de custódia é estabelecer eventual prática de violência, tortura ou maus-tratos no ato prisional ou logo após a prisão.

” Nas audiências realizadas na sede de custódia do Benfica, cerca de 30% do custodiado (detentos) denunciam a prática de tortura ou maus-tratos no ato prisional e, sempre que houver relato a esse respeito, o juiz que presidir a audiência determina: 1) que sejam realizadas, ao final da audiência, laudo de exame de corpo complementar a ser elaborado em comparação com as declarações do depositário, no objetivo de viabilizar a apuração eventual a ser realizada pelos órgãos competentes; 2) o envio de ofícios aos órgãos competentes (Ministério Público e Corregedorias) para apuração da prática de violência denunciada, ” o TJ observou.

A Seap declarou que ainda não recebeu o relatório e está aguardando o recebimento pelo conhecimento de seu conteúdo. “Salientamos, ainda, que medidas já estão sendo tomadas para evitar esse tipo de situação e que, caso haja qualquer relato de agressão, a corregência do órgão vai apurar a veracidade ou não dela”, acrescentou.

As secretarias de Polícia Civil e Militar também foram procuradas, mas não abordaram o relatório da Defensoria Pública.

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